quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

UMBANDA DE NOSSO SENHOR, UMBANDA DE NOSSOS CABOCLOS





      Escrever sobre os amados Caboclos de nossa Umbanda é algo que me faz viajar em lembranças queridas e de grandes experiências. Ainda criança tive a bênção de crescer ouvindo os conselhos, os assovios, brados e pontos de dois Caboclos que terei eterna gratidão: Caboclo Sultão das Matas e Caboclo Urubatan da Guia. Caboclos de minha tia e avó que me apresentaram desde muito cedo à Umbanda. E assim a falange de Caboclos foi para mim amor à primeira vista, encanto que não se mede e durante minha caminhada na Umbanda mais e mais Caboclos foram fazendo parte de minha devoção. Caboclo Sete Estrelas, Caboclo Sete Luas, Caboclo Pena Branca, Caboclo Tupy, Cabocla Jurema, Caboclo Aymoré, até que em minha iniciação na Umbanda, chegou em minha coroa o Caboclo 7 Flechas, mentor espiritual da IULA.
      Os Caboclos em geral são espíritos, que em uma das passagens pela Terra ou mais, encarnaram como nativos, alguns de nosso Brasil, outros de outras regiões do mundo. De vida simples, guerreira e sábia, trabalhadores incansáveis, conhecedores de magias incompreensíveis para nós, estas entidades chefiam a maioria das Casas de Umbanda no Brasil, com garra, vigor e determinação. Caboclos são verdadeiros Pais, objetivos, de uma só palavra e defendem seus Terreiros e médiuns como defendiam suas tribos.
       O conhecimento adquirido em outras encarnações e também no astral superior lhes permite o conhecimento dos filhos da nova era, de seus corações e de magias que atuam em todos os âmbitos. Alguns já foram médicos, cientistas, alquimistas, pais de família, membros do alto clero da igreja e trazem suas experiências em cada passe, consulta e conselhos dados.
      Seus nomes trazem na maioria das vezes referência às suas linhas de atuação, ou ponto da natureza ou ao Orixá para o qual trabalham, como Arranca Toco, Tira Teima, Cachoeira,  Pena Verde ( Oxosse ), Pena Branca ( Oxalá ), alguns ainda mantem nomes de suas passagens indígenas, como Urubatan e Araúna. Como todos são representantes da mata, da vida sobrevivida pela caça e do respeito a natureza, são falangeiros do Grande Orixá Oxosse, independente do Orixá de cabeça do médium ou do Orixá para o qual trabalham. E é por isso que em muitos pontos de Caboclo se faz referência ao Santo Caçador, comemorado no Rio de janeiro, no dia 20 de Janeiro, pelo sincretismo com São Sebastião. Nesta data também são comemorados os Caboclos, festejados com frutas, frutos e raízes da mãe terra. Em algumas casas descem com cocares de penas de diversas cores, relembrando suas vidas nativas, em outras não utilizam apetrechos, mas chegam com a mesma força e bradar, arrepiando e mexendo com as energias de todos nós, brasileiros.
      Representam muito bem o Brasil, possuem espírito de amor pela Terra Nativa e representam a nossa Umbanda, com suas magias, colorido e força. Espíritos guerreiros e resistentes, como nossa mãe Umbanda. Somos todos filhos de Caboclos, nossa terra é terra de Caboclos. Muito comum em médiuns iniciantes as primeiras vibrações serem destas entidades, pois são ancestrais diretos nossos, inclusive de DNA. Saudados às quintas-feiras, utilizam muito do verde, vermelho e branco, gostam de folhas, ervas e flores nativas. Frutos silvestres, milho, abóboras, coco e raízes da terra muito lhe agradam e são utilizados em trabalhos como ímãs ritualísticos. Espíritos infalíveis no combate às más energias que nos cercam, curandeiros e encantados.
      Que todos os cânticos, toques de tambores, preces, coloridos e força das giras de Caboclos deste mês possam refletir em força para cada um de nós e em paz para nossa nação! Grande Saravá!
Salve o Sr Sultão
Salve o Sr Urubatan
Salve o Sr Pena Branca
Salve o Sr Tupi
Salve o Sr Tupinambá
Salve o Sr Sete Luas
E Salve meu grande Pai, Caboclo Sete Flechas.


Pai José Carlos